cover
Tocando Agora:

Câmera Ao Vivo

Fechado desde 2020, teatro de Paulínia tem assentos mofados, infiltração e sujeira; veja fiscalização por cidade

Equipes do TCE também encontraram teatros sem AVCB e com outros problemas estruturais em oito cidades da região de Campinas. Fechado desde 2020, teatro de Pau...

Fechado desde 2020, teatro de Paulínia tem assentos mofados, infiltração e sujeira; veja fiscalização por cidade
Fechado desde 2020, teatro de Paulínia tem assentos mofados, infiltração e sujeira; veja fiscalização por cidade (Foto: Reprodução)

Equipes do TCE também encontraram teatros sem AVCB e com outros problemas estruturais em oito cidades da região de Campinas. Fechado desde 2020, teatro de Paulínia tem assentos mofados, infiltração e sujeira Tribunal de Contas do Estado/Divulgação Uma fiscalização do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) encontrou o Theatro Municipal de Paulínia (SP) em condições precárias de conservação. Fechado desde 2020, o equipamento tem assentos mofados, infiltração, falta de limpeza e sinais de vandalismo (veja os detalhes e fotos abaixo). O teatro, que tem capacidade para 1,3 mil pessoas, foi inaugurado em 2008 e integrava o Polo Cinematográfico da cidade, que recebeu investimento de R$ 490 milhões e teve sete anos de atividade. Siga o g1 Campinas no Instagram 📱 O espaço é um dos 128 teatros públicos que receberam a II Fiscalização Ordenada do TCE em 2020 na última segunda-feira (30). Na região de Campinas (SP), os fiscais fizeram vistorias em mais oito cidades e identificaram problemas de estrutura, segurança, organização e falta do Auto de Vistoria dos Bombeiros (AVCB). Os relatórios foram enviados pelo TCE, nesta sexta-feira (4), à pedido do g1. No Teatro Municipal José Castro Mendes, na metrópole, as equipes identificaram bolor por infiltração, problemas em placas do forro e falta de acessibilidade. Já em Hortolândia e Jaguariúna, os teatros não têm AVCB, sendo que o primeiro está com o alvará desatualizado. Para a docente da área de Comunicação e Artes do Senac, Marana Delponi, a dificuldade em manter políticas públicas ao longo do tempo é um dos principais obstáculos para a conservação dos espaços, e estratégias a longo prazo são fundamentais. "Um teatro precisa ser vivo", afirma. 🏛️ A seguir, veja os principais problemas encontrados nos municípios e o que dizem as prefeituras. Problemas encontrados Paulínia: condições precárias e abandono O Theatro Municipal de Paulínia está fechado desde 2020. De acordo com a fiscalização do TCE, o espaço se encontra em condições precárias de manutenção e limpeza devido a vandalismo. A fiscalização, inclusive, precisou ser realizada com lanterna devido à ausência de energia por roubo do cabeamento. No local, os fiscais fizeram os seguintes apontamentos: Instalações: na área externa, há problemas de infiltração e bolor na fachada, estrutura enferrujada, pintura precária com pichações e pisos danificados; na interna há forros danificados, materiais acumulados, cadeiras com mofo, vidro e portas quebradas, parede com infiltração, cabeamento de energia elétrica danificado e ausência de energia elétrica. Utilização: abandonado, não é utilizado nem mesmo por projetos públicos, escolas, associações ou coletivos locais. Segurança: não possui sistema de segurança patrimonial. Para evitar os acessos e roubos, algumas portas e janelas, incluindo saídas de emergência, foram bloqueadas com alvenaria. Estrutura organizacional: o teatro não possui estrutura organizacional formalizada e não tem responsável designado para sua gestão. FOTOS: veja situação do Theatro Municipal de Paulínia Campinas: defeitos no forro e pouca divulgação da programação No Castro Mendes, além de problemas nas placas do forro, o TCE destacou que não há divulgação de todo o planejamento das ações e programações culturais, apenas das atividades mais próximas via internet. Outros apontamentos incluem: Instalações: o palco e a coxia estavam sujos; alguns camarins apresentam bolor causado por infiltração no teto de um banheiro coletivo; algumas placas da cobertura do mezanino apresentam manchas de infiltração; falta uma placa na cobertura de um dos corredores de acesso ao palco; os banheiros do público e dos camarins coletivos possuíam algumas bacias sanitárias sem assento. Acessibilidade: as bilheterias não são acessíveis para pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Documentação: embora possua alvará de funcionamento atualizado e AVCB, eles não estão afixados em local visível ao público. Também não existe regulamento interno ou manual de funcionamento do teatro. Bolor no teto do banheiro do Teatro Municipal Castro Mendes, em Campinas TCE-SP/Divulgação Jaguariúna: sem AVCB e segurança feita por funcionários da Cultura No Teatro Municipal Dona Zenaide, segundo o TCE, não há uma estrutura formalizada para o teatro e a administração é feita por servidores da Secretaria da Cultura, sem definição formal de cargos e funções ou gestor. A segurança também é feita por esses servidores e a fiscalização considera que ela pode não estar sendo realizada adequadamente. Além disso, não há câmeras de segurança ou alarmes. Também foram identificadas as seguintes irregularidades: Instalações: camarins apresentam diversas manchas no teto (possivelmente umidade), aparelhos de ar condicionado com poeira e manchas de tinta, espelhos desgastados, e manchas e riscos na pintura das paredes; coxia com rachadura em uma parede; sanitários com manchas de umidade no teto e paredes, espelhos desgastados, manchas e riscos na pintura, lâmpadas queimadas ou ausentes, ausência de uma saboneteira no sanitário feminino e porta sem fechadura no sanitário masculino, e avarias nos azulejos; setor administrativo com diversas manchas de umidade em parede e teto; almoxarifado com manchas de mofo em parede; bilheteria com pichação na parede. Sem AVCB vigente: o auto de vistoria apresentado tinha validade até 28 de março de 2025 e, portanto, estava vencido no momento da fiscalização. O documento estaria sendo providenciado. Acessibilidade: falta de equipamentos acessíveis, como sanitários, sinalização visual, tátil ou sonora, rampas adequadas, além de poucos espaços para pessoas em cadeiras de rodas ou obesas, o que pode estar em desacordo com o Decreto Federal nº 5296/2004. Hortolândia: sem alvará e AVCB desatualizado De acordo com o TCE, o Anfiteatro da Escola de Artes Augusto Boal não tem alvará de funcionamento atualizado ou AVCB vigente, sendo que o documento estaria na fase final para ser concedido. O espaço também não tem alarme de incêndio e apresenta falhas na acessibilidade, como falta de assentos reservados para pessoas com deficiência ou obesidade e ausência de sinalização visual, tátil ou sonora em elevadores, placas e indicações. Americana: problemas de acessibilidade O relatório do TCE indica que o Teatro Municipal Lulu Benencase não tem estrutura organizada, com definição de cargos e funções. Também não há sinalização visual, tátil ou sonora em elevadores, placas e indicações, nem sinalização em braile das fileiras e assentos. O local também não possui sistema de gestão de lixo e, atualmente, não existe um site ou aplicativo próprio para divulgação das atividades. Outras cidades Os teatros de Artur Nogueira, Holambra, Mogi Mirim e Socorro também foram fiscalizados, mas os relatórios ainda não haviam sido elaborados até a publicação desta reportagem. LEIA TAMBÉM Conheça história e como está hoje cidade que já reuniu astros internacionais e era vista como 'Hollywood brasileira' 'Teatro precisa ser vivo' Para Delponi, os problemas encontrados pelo TCE são desafios comuns nos espaços municipais, e um dos principais obstáculos é a dificuldade em manter políticas públicas ao longo do tempo. "Muitas iniciativas positivas são desenvolvidas, mas acabam perdendo força ou sendo interrompidas por diferentes fatores, o que acaba comprometendo o fortalecimento de projetos duradouros e a criação de uma cultura de pertencimento na comunidade", afirma. Ela pondera que a conservação dos teatros enfrenta outros desafios, como o custo alto da manutenção e a falta de recursos destinados exclusivamente para esse fim. "Outro ponto é a ausência de uma programação regular, o que pode levar à subutilização e, consequentemente, ao abandono gradual do espaço. Sem uso constante, o teatro deixa de cumprir sua função social e cultural, o que dificulta ainda mais justificar investimentos", avalia. A docente aponta que é fundamental pensar em estratégias de longo prazo, com foco na manutenção, no acesso e na construção de soluções sustentáveis. "Quando se pensa na conservação e uso dos teatros, o ideal é garantir que estejam em funcionamento contínuo e acessível à comunidade. Um teatro precisa ser vivo, com uma programação regular que envolva diferentes linguagens artísticas, projetos educativos e parcerias com escolas, coletivos e artistas locais", explica. Delponi ressalta que a manutenção física do espaço deve ser planejada de forma preventiva e constante, respeitando as especificidades técnicas que o teatro exige — como iluminação, acústica e estrutura de palco. "Quando o teatro é integrado à vida cultural da cidade e utilizado de forma ativa, ele naturalmente se preserva, porque passa a ser valorizado como um patrimônio coletivo", afirma. O que dizem as prefeituras? Paulínia A prefeitura de Paulínia informou que o Theatro Municipal da cidade está fechado desde 2020, em virtude da pandemia e, após sofrer com ações de vandalismo, não foi mais reaberto. Por estar sem uso, não oferece risco à população, segundo a administração municipal. A gestão disse que estuda meios legais e viáveis para "revitalizar e recuperar esse importante equipamento público". Informou, ainda, que diversas secretarias trabalham em um projeto para reativar o espaço, visando fomentar a economia, a cultura e o turismo paulinense. Campinas A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo informou que já foram adotadas providências em relação aos apontamentos feitos em vistoria no Teatro Castro Mendes. Veja os pontos abaixo. "Durante o período de chuvas, houve vazamento causado pelo rompimento de peça de acabamento de uma calha, o que resultou em infiltração e mancha de bolor no teto de uma das salas. O reparo já foi realizado e o local será repintado, conforme programação junto ao setor de manutenção. Placas do forro que apresentaram problemas serão substituídas dentro do cronograma de manutenção. Sobre as instalações, foi feita a limpeza do palco e da coxia após o uso recente para uma peça teatral. O resíduo chamado de “sujeira no palco” é, na verdade, vestígios de fitas para fixação de linóleo, resultado da desmontagem de espetáculo de dança de grande porte que esteve em cartaz até domingo que antecedeu a visita técnica. Os camarins que apresentavam bolor já passaram por correção e a pintura dos mesmos está dentro da programação da equipe de manutenção. A infiltração na cobertura do mezanino também foi resolvida. Está em andamento a reposição de uma placa da cobertura de um dos corredores de acesso ao palco. Em relação à acessibilidade, os funcionários da bilheteria estarão preparados para atender qualquer pessoa que tenha necessidade específica como idosos, mobilidade reduzida e pessoas com deficiência. Além disso, o local conta com rampa de acesso. O Teatro Castro Mendes também conta com guichê para atendimento prioritário. A documentação obrigatória está regular: o alvará de funcionamento e o AVCB estão atualizados e fixados em diversos locais visíveis do teatro. Sobre a divulgação da programação cultural, o calendário de eventos é publicado regularmente nas redes sociais da Secretaria e atualizado conforme a assinatura dos contratos dos eventos e disponibilização de links de vendas e/ou distribuição. Além disso, todos os eventos com contratos assinados seguem para o calendário oficial de eventos." Jaguariúna A prefeitura de Jaguariúna informou que, em relação ao AVCB, já realizou todo o processo documental e aguarda a vistoria do Corpo de Bombeiros. Sobre os demais problemas apresentados, todos serão devidamente corrigidos, conforme informado ao TCE. Do auge à decadência: conheça a história da cidade conhecida como “Hollywood brasileira” VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e Região Veja mais notícias sobre a região na página do g1 Campinas.